O Indivíduo
Eu, em meu estado mental atual, não me vejo mais como um ser presente na realidade. Como se em modo automático, outro indivíduo que assume meu nome e corpo, mas não age segundo minha mente. Um indivíduo que faz de suas ações uma maestria de habilidades que meu ser não tem.
Como se a confiança e a decisão fossem fortes aliados desse indivíduo e ele dançasse em palavras e argumentações com tamanha destreza que me admira tais atitudes, mas que, por conseguinte, em mim não as encontro.
Não as consigo desenvolver, pois preso estou naquele que se esconde em sua imaginação e seus pensamentos já não consegue administrar. O que lhe resta senão o caos, a frustração e o medo? O que fazer senão apenas deixar que outro indivíduo tome decisões por mim?
Se ao menos eu pudesse remover o medo dessa equação, todo o resto poderia se consertar com o tempo. O caos encontra a paz, a frustração se perde nas linhas do tempo, mas o medo, o medo apenas aumenta com o passar dos segundos, dilacera as faíscas de confiança e as tentativas de fazer diferente. Quem seria eu senão aquele relegado ao esquecimento?